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Transformação Socioecológica e Sustentabilidade - Temas em destaque em Bad Boll, Alemanha

Entre os dias 03 e 04 de maio, o consórcio do projeto europeu “Re:Thinking Global!”, do qual a AIDGLOBAL faz parte, esteve reunido para o segundo encontro de coordenação e para participar no Seminário “Modo de Vida Imperial e o Pacto Verde Europeu”, na sede do promotor Evangelische Akademie, em Bad Boll, na Alemanha.
A reunião de parceiros, que ocorreu no dia 03 de maio, teve por objetivo refletir e debater, em conjunto, o impacto das Alterações Climáticas no Ambiente e na sociedade atual, numa perspetiva económica e sociológica, tendo em vista uma transformação socioecológica da Educação para o Desenvolvimento Sustentável e garantir um maior acesso à Aprendizagem Global.

Durante a sessão, contou-se com as breves intervenções de Johannes Jäger, professor doutor, investigador e diretor do departamento de economia da Universidade de Ciências Aplicadas BFI de Viena e de Anne Tittor, professora doutora e investigadora do Instituto Jena de Sociologia da Universidade Friedrich Schiller, na Alemanha, tendo sido apresentadas propostas para a sustentabilidade, destacando o Pacto Ecológico Europeu. As discussões, inspiradas por diversas escolas de pensamento, incluíram a visão neoliberal de Ronald Coase sobre a eficiência dos mercados com regras estatais, a perspetiva de Robert Costanza e Serge Latouche sobre a regulação estatal para um capitalismo verde e a visão crítica de John B. Foster, que defende as transformações sociais para resolver os problemas do lucro e da acumulação de capital.

Considerando que as perspetivas de transformação ecossocial são, ainda, marginalizadas, os conflitos e desafios socioecológicos variam entre o Norte e o Sul Global, com diferentes consequências e prioridades, em termos de projetos energéticos e impactos locais. Foi realçada a necessidade de uma mudança coletiva e unida, sem culpabilização, para avançar em direção a um futuro sustentável e justo.

E para que seja efetivada, um dos caminhos é mobilizar e consciencializar, desde cedo, as/os jovens para a Educação Ambiental, promovendo valores e mudando atitudes que beneficiem o meio ambiente, de forma a prepará-las/os para uma cidadania consciente e informada face à crise ecológica, permitindo-lhes abordar crises globais, compreender desigualdades no uso de recursos naturais, especialmente no Norte Global, e explorar caminhos para a sustentabilidade.

Que contribuição pode dar a Educação, neste âmbito? Poderemos comunicar os desafios globais e as complexas interligações entre o nosso modo de vida e as condições de vida das pessoas e do ambiente, noutros espaços geográficos? Encontramo-nos no meio de uma transformação ecossocial? Mas qual é o seu significado e para onde deveremos ir? Como é que conceitos em torno do Pacto Ecológico Europeu (PEE), o modo de vida imperial e a sua crítica diferem entre si, ou como se complementam? E que implicações têm para o nosso futuro e como podem ser incorporadas, de forma significativa, no contexto educativo?

Foram estas algumas das questões abordadas no Seminário realizado, no dia 04 de maio, entre 09h20 e as 15h45, no Centro de Conferências Evangélicas Bad Boll, em sessão presencial, com tradução simultânea, com o intuito de debater e refletir sobre os impactos da Globalização, as propostas da Justiça Climática e desenvolver ideias e conceitos alternativos para a produção dos futuros recursos pedagógicos adaptáveis e aplicáveis à Educação formal e informal, tendo em vista a promoção de uma Educação para o Desenvolvimento Sustentável (EDS), a uma escala glocal.

A abertura da sessão ficou a cargo de Andrés Musacchio, Diretor de Estudos da Evangelische Akademie Bad Boll (Alemanha), que deu as boas-vindas a todas/os as/os intervenientes, seguindo-se a apresentação de cada representante da entidade parceira e de todas/os as/os convidadas/os presentes. Moderado por Andrés Musacchio, Diretor de Estudos da Evangelische Akademie Bad Boll (Alemanha), apresentou-se o programa e a ordem de trabalhos que marcariam o dia do evento.

A exposição “Modo de vida imperial: Porque o comércio global leva a oportunidades desiguais?” foi o tema da primeira intervenção do Encontro, dinamizada por Johannes Jäger, que versou as injustiças desigualdades causadas pela Globalização, destacando a pandemia da Covid-19 e as consequências derivadas pelas Alterações Climáticas que exacerbam o fosso entre ricos e pobres. Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), mais de 10% da população mundial enfrenta dificuldades severas para ter acesso a recursos básicos – saúde, educação, água e saneamento –, especialmente em áreas rurais, onde as mulheres e as crianças são as mais afetadas.


“O crescimento económico de um país não garante o desenvolvimento”, acrescenta Johannes Jäger, referindo que as desigualdades são, também, evidenciadas nas emissões de carbono, em que 1% dos mais ricos do mundo emitem tanto quanto a maior parte da população mais pobre, cerca de 66%. Acrescentou.

Destacou, ainda, os padrões explicativos da desigualdade, incluindo a crítica do capitalismo e a defesa da economia política e democrática, que procura mudanças coletivas no acesso aos recursos naturais e aos direitos dos/as trabalhadores/as, enquanto as estratégias liberais se concentram no comportamento individual do consumidor e no debate público.

Logo de seguida, Anne Tittor coordenou o painel sobre a “Transformação socioecológica e económica e globalização: conceitos em contexto educativo” , tendo sublinhado a tradução de teorias sociológicas abstratas para a Educação e a formação política, dando realce à Transformação  Eco-Social-Ecológica como prioridade na sustentabilidade global, que requer menos recursos, mobilidade reduzida e pensamento de longo prazo; o Pacto Ecossocial do Sul que enfatiza as relações imparciais entre países, como a transição justa e o crescimento económico verde; o Pacto Verde Europeu que tem como meta a neutralidade carbónica até 2050, pese embora com desafios como a dependência de recursos como o lítio e, por fim, a Justiça Ambiental que defende os direitos das comunidades contra a degradação ambiental, destacando a importância da empatia.

Numa ótica colaborativa, houve espaço para debate e o propósito foi promover o diálogo entre os pares, em torno das várias esferas da sustentabilidade (económica, social, política e ambiental) que devem marcar presença nas escolas, promover a solidariedade, educar sobre a urgência do tema, considerar transformações radicais e debater a mobilidade sustentável, incluindo os países do Sul Global, sem comprometer o bem-estar e os recursos naturais das gerações futuras.

Durante a tarde, seguiu-se a dinamização de duas oficinas, lideradas pela Organização parceira, EPiZ - Information Centre for Development Education (Reutlingen, Alemanha), tendo sido a primeira gerida por Gundula Büker, consultora e membro da direção, e Hans-Werner Schwarz, professor e coordenador de projetos, com o Workshop “Exame do conceito no desenvolvimento de competências de professores/as e multiplicadores/as” e a segunda por Linda Rebmann-Musacchio, coordenadora do programa BNE Compass Baden-Württemberg e Johanna Neuffer, colaboradora do programa “Educação Encontra Desenvolvimento” e da biblioteca, com o Workshop “Pontos de partida para escolas: Ideias para implementação prática na sala de aula”. Ambos os momentos contaram com atividades participativas e trabalhos de grupo.

O evento foi dirigido a atores de ESD/Aprendizagem Global/Educação para a Cidadania Global (ECG), multiplicadores, palestrantes, professores/as e funcionárias/os de projetos nas Organizações e contou com a presença de 15 participantes, entre os quais se destacam as entidades parceiras do projeto.

Num contexto de múltiplas crises, temos que repensar as nossas ações quotidianas, de modo a adotar práticas mais sustentáveis sobre o processo de transformação global fomentado, na última década, pelas Alterações Climáticas e a crise económica.

O encontro enquadra-se no âmbito do projeto “Re:Tinking Global”, financiado pelo Programa Erasmus+ da Comissão Europeia, tem como promotor a Evangelische Akademie Bad Boll – Academia Protestante Bad Boll e conta como parceiros, a AIDGLOBAL – Acção e Integração para o Desenvolvimento Global, a EPiZ Reutlingen – Centro de Informação sobre Educação para o Desenvolvimento, a LAI/VHS – DIE WIENER VOLKSHOCHSCHULEN GMBH – Centros de educação de adultos de Viena e a ÖFSE – Fundação Austríaca de Investigação para o Desenvolvimento.