Foi o terceiro de 6 Eventos Multiplicadores a ser promovido no âmbito do projeto “(e)mission (im)possible”, levado a cabo por Organizações europeias e parceiras comprometidas na ação contra a atual emergência climática. Marcaram presença 30 participantes e oradores, entre funcionárias/os da Direção Regional de Lisboa e Vale do Tejo (DRLVT) do IPDJ, I.P., da Câmara Municipal de Loures, da OIKOS – Cooperação e Desenvolvimento, do Instituto Superior Técnico (IST), da FEC - Fundação Fé e Cooperação e jovens da Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa (ESTESL).
As palavras de boas-vindas e abertura da sessão ficaram a cargo de Eduarda Marques, Diretora DRLVT do IPDJ, I.P. e Diretora do Centro de Juventude de Lisboa (CJL), que fez uma breve contextualização sobre a Instituição, reconhecida pelo Conselho da Europa como um espaço onde se promovem os Direitos Humanos, o Estado de Direito e a Democracia, que fomenta o Voluntariado, o Associativismo, a promoção da Educação não-formal e a Cidadania, direcionada para as áreas do desporto e da juventude, apostando em iniciativas que levam as/os jovens a refletirem sobre várias temáticas, não só sobre um mundo em transição ecológica como também na sua contribuição para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Sofia Lopes, Gestora do Gabinete de Projetos da AIDGLOBAL, apresentou a Agenda e moderou os dois painéis do dia, alusivos à sustentabilidade ambiental.
Diversificados e muito ricos foram os temas em análise, abordados pelas entidades presentes. O Município de Loures, representado por Ana Catarina Sabino, Engenheira do Ambiente e especializada em Engenharia Sanitária, apresentou as “Estratégias de Neutralidade Climática” que têm vindo a ser implementadas no Parque Adão Barata, no âmbito da adaptação e da mitigação das Alterações Climáticas, no sentido de dar respostas a desafios glocais que contribuam para reduzir as emissões de carbono e tornar a região mais resiliente. A preocupação em relação à eficiência energética é uma das prioridades do Plano de Ação Climática (PAC) do Município, o que implica a utilização racional de energia e de novas tecnologias como estratégia para a diminuição de consumos e da pegada ambiental do território.
A mesma oradora deu, ainda, a conhecer o “PAB_LivingLab: Vive a Descarbonização no Parque Adão Barata”, um projeto centrado na redução da pegada carbónica e na criação de um ambiente urbano mais sustentável, do qual o Município é parceiro e a AIDGLOBAL a entidade promotora.
Ana Catarina Sabino salientou que as instalações do parque “desempenham diferentes funções que promovem o bem-estar e a saúde de quem o visita, aproxima as pessoas da natureza e contribui para a preservação da biodiversidade”. Referiu, ainda, que as atividades dinamizadas no parque motivam à adoção de estilos de vida de baixo carbono e, nele, o visitante pode experienciar, de forma interativa e dinâmica, o laboratório de descarbonização, enquanto usufrui do espaço verde.
José Luís Monteiro, Biólogo, Ativista e Coordenador de Projeto da OIKOS – Cooperação e Desenvolvimento, começou a sua apresentação realçando o trabalho, os eixos estratégicos da Organização (Ambiente e Alterações Climáticas; Segurança Alimentar e Economia Social, Acesso aos Serviços Sociais e Básicos e Cidadania e Direitos Humanos) e os ODS prioritários da sua intervenção, entre os quais se inclui o ODS 13 – Ação Climática, quer ao nível nacional quer internacional.
Foi evidenciada a relação entre a concentração de dióxido de carbono na atmosfera e a temperatura à superfície, como fatores impulsionadores da crise ambiental e a importância do comprometimento em haver mais financiamento para apoiar os países terceiros, na mitigação e adaptação às Alterações Climáticas, tendo em consideração a responsabilidade e os princípios da equidade.
Para José Luís Monteiro, os países mais vulneráveis continuam a não ter soluções para as perdas e danos causados, no que respeita à adaptação às Alterações Climáticas e resposta às catástrofes que os assolam. Moçambique é um dos países do hemisfério sul, onde se constatam os vários desastres naturais (ciclones, cheias, …) que têm marcado a vida das/os moçambicanas/os e do próprio território. Urge preservar a biodiversidade e os ecossistemas frágeis.
De seguida, Federica Tosi, mestre em Cooperação e Desenvolvimento, e, atualmente, Assistente de Projetos da AIDGLOBAL, trouxe à sessão a Calculadora de Carbono – uma ferramenta que calcula as emissões de CO2 geradas a partir das principais atividades quotidianas: desde transporte, consumo de energia elétrica, gás de cozinha, viagens aéreas, … – e incentivou as ONGD a medirem o seu impacto ambiental.
Federica Tosi começou por explicar o que se entende por pegada de carbono, a que se seguiu a enumeração dos objetivos relacionados com as atividades controladas pelas Organizações, as emissões indiretas associadas aos consumos contratados (ex: aquecimento, luz, água…) e derivadas da cadeia produtiva (ex: viagens de trabalho, produção de resíduos, entrega de materiais, …). De seguida, explicou como se deve utilizar a ferramenta para calcular as emissões evitadas, dando como exemplo a Delegação da AIDGLOBAL, em Moçambique. Acrescentou, ainda, que “para projetos futuros devemos melhorar a nossa prestação, em termos de redução da pegada de carbono, e capacitar outras entidades para calcularem a sua própria pegada de carbono”.
Seguiu-se pausa do café, momento em que se aproveitou para se estabelecerem redes de contacto entre as/os presentes e se conhecerem, mutuamente, reforçando as ligações e comparando pontos de vista sobre os tópicos que tinham acabado de ser debatidos.
Ao intervalo seguiu-se o 2º painel do evento, conduzido por Marta Almeida, Investigadora principal e Vice-Presidente do Centro de Ciências e Tecnologias Nucleares (C2TN) do Instituto Superior Técnico (IST), tendo sido uma das oradoras convidadas que abordou a “Qualidade do Ar e Parques Urbanos: como as ONG podem fazer a diferença: o exemplo do Parque Adão Barata” ressaltando a importância dos espaços verdes e o trabalho que tem vindo a ser implementado por Organizações parceiras no parque, no âmbito do projeto “PAB_LivingLab”, a fim de reduzir a intensidade carbónica das atividades e serviços do PAB, em Loures.
Na sua exposição falou dos poluentes atmosféricos, que são avaliados a partir de estações de monitorização fixa e que determinam a dose recebida pelo indivíduo, o que influencia, diretamente, os impactes na saúde, relativamente aos fatores que contaminam o ar exterior (fontes naturais, antropogénicas, tráfego, chaminés e emissões fugitivas), às fontes interiores (combustão residencial de biomassa, cigarros, confeção de alimentos e ocupação – a própria pessoa) e à ventilação.
Alertar mais para os problemas das partículas suspensas no ar que afetam a saúde humana e adotar medidas que visem melhorar a qualidade do ar são dois dos objetivos que Marta Almeida identificou na sua comunicação. Para concluir, destacou quatro desafios futuros: “melhorar e atualizar a avaliação da qualidade do ar, identificar tecnologias custo-efetivas e desenvolver materiais menos poluentes e capacitar as ONG”.
Logo depois, Tiago Faria, investigador do IST e professor na Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa, apresentou a “GreenComp: Competências para a Sustentabilidade” que pretendeu mobilizar as/os participantes a fazerem uma reflexão conjunta sobre Educação para a Sustentabilidade, impedimentos e facilitações para a aplicação da sustentabilidade e o que poderá ser feito por cada cidadã e cidadão em prol de um mundo mais sustentável.
A sua palestra focou-se na GreenComp, um quadro de referência para as competências de sustentabilidade a nível da eu, que fornece pontos em comum para estudantes e educadores/as e que contempla quatro categorias de ação, nomeadamente a “incorporação valores da sustentabilidade”, “abraçar a complexidade na sustentabilidade”, “prever futuros sustentáveis” e “agir pela sustentabilidade”, que se firma como catalisador na promoção de práticas educativas e na aprendizagem conjunta com o intuito de minimizar o impacto ambiental e responsabilidade para com a saúde do planeta, a fim de alterar, a nível sistemático, as atitudes, mentalidades e práticas. A Educação tem um papel principal na mudança de comportamentos.
No final, convidou as/os presentes a participarem numa dinâmica, para a qual foram divididos em grupos para debaterem, em conjunto, as lacunas que encontram no ensino, ao nível de competências para a sustentabilidade. Sem interrupção, tiveram oportunidade de conhecerem os diferentes pontos de vista e o encontro foi encerrado com a mensagem E eu? O que posso e devo fazer para ajudar a que a mudança aconteça, no sentido de implementar ações climáticas positivas?
A AIDGLOBAL aproveita a oportunidade para agradecer a presença de todas/os as/os participantes que contribuíram para o sucesso do 3º Evento Multiplicador do projeto, por estarem dispostas/os a desafiarem-se a si próprias/os e a consolidarem as suas motivações para contrariar a emergência climática.
O Encontro foi realizado no âmbito do projeto europeu “(e)mission (im)possible”, cofinanciado pelo Programa Erasmus + da União Europeia, tendo como entidade promotora a A Sud – Ecologia e Cooperazione ONLUS, e como entidades parceiras a AIDGLOBAL, a Iroko – Desarrollo Forestal Sostenible, a Bosque Y Comunidad, a Fondazione Ecosistemi, a Universidad de Cádiz e a Un Ponte Per. A iniciativa contou, ainda, com o apoio do IPDJ, IP | CJL e com a colaboração do projeto “PAB_Living Lab – Vive a Descarbonização no Parque Adão Barata” (Programa Ambiente, EEA Grants).