“Modo de Vida Imperial” foi o tema do evento realizado, em formato online, pela promotora do projeto “Re:thinking global!” – Evangelische Akademie de Bad Boll –, no passado dia 11 de junho, que destacou o conceito, tendo como horizonte de ação a transformação social da sociedade.
As mudanças atuais e as múltiplas crises estão a chamar a atenção para novas noções que abordam e analisam, criticamente, os problemas da sociedade. O conceito de "Modo de Vida Imperial" explora a rede global de poder e dominação, mantida por várias estratégias e práticas que afetam desde ações quotidianas até às estruturas globais invisíveis, originando relações destrutivas entre sociedade e natureza. À medida que economias emergentes como a China, Índia e Brasil adotam estilos de vida do Norte Global, aumenta a demanda por recursos e a externalização de custos, como as emissões de CO2. Isso gera concorrência ecológica e económica com o Norte Global, resultando em tensões ecoimperiais refletidas nas políticas climáticas e energéticas globais. (2021, Ulrich Brand e Markus Wissen).
Nesta linha de pensamento, Andrés Musacchio, Diretor de Estudos da Evangelische Akademie Bad Boll (Alemanha), deu início à sessão com as boas-vindas a todas/os as/os intervenientes, seguindo-se a apresentação do programa que assinalaria o encontro.
A primeira exposição foi conduzida por Markus Wissen da Faculdade de Economia e Direito de Berlim, especializado em transformação socioecológica, que abordou questões económicas e sociais em torno do conceito “Modo de Vida Imperial” sublinhando que os padrões de produção e consumo dependem de uma apropriação desigual do trabalho e dos recursos naturais em escala global, o que resulta em enormes custos sociais e ecológicos que são externalizados no tempo e no espaço. O orador fez notar que este modelo está profundamente enraizado nas práticas quotidianas, nas relações de poder e nas estruturas das sociedades capitalistas, que pressupõe exclusividade e exclusão, o que o torna insustentável por razões socioecológicas.
Referiu, ainda, que a luta contra as tensões ecoimperiais, que abrangem desde a extração de matérias-primas até à política climática internacional, requer estratégias que minimizem o impacto da crise política e promovam uma modernização ecológica e justa. Elementos de transformação socioecológica, como racionalidade ecológica, autolimitação solidária e resiliente, são essenciais para construir alianças e estratégias que encarem a crise ecológica como uma questão interseccional de classe, género e relações (neo)coloniais, de forma a que haja uma restruturação sustentável nos padrões de produção e consumo.
Após a sua exposição, abriu-se portas a um debate construtivo entre as/os várias/os participantes, tendo-se seguido a intervenção de Johanna Neuffer, colaboradora do programa “Educação Encontra Desenvolvimento” e da biblioteca da Organização parceira do projeto, EPiZ Reutlingen, que deu a conhecer uma variedade de métodos, jogos e materiais didáticos destinados a consciencializar e mobilizar jovens para a sustentabilidade ambiental.
Entre os exemplos dados por Johanna Neuffer, está o Jogo dos Monstros Urbanos, que incentiva a adoção de comportamentos ambientais responsáveis para mitigar o impacto da poluição hídrica e do aquecimento global. Outro aspeto destacado foi o Jogo do Mundo que ilustra a distribuição de recursos e emissões de CO2, globalmente, visando alertar para as desigualdades e promover a compreensão das estruturas de poder, através de um mapa mundial interativo.
Ao concluir a sua intervenção, houve espaço para debate e reflexões entre as/os cerca de 47 participantes – entidades parceiras e profissionais de várias áreas educativas – , em torno das desigualdades inerentes ao capitalismo e modos de vida alternativos, tendo em vista (des)construir o conceito, entre os processos produtivos globais e o consumo global. Foram, ainda, partilhadas experiências e dados contributos para melhorar as práticas educativas desenvolvidas com e para as/os jovens, de forma a prepará-las/os para o exercício de uma cidadania consciente, dinâmica e informada, face às problemáticas ambientais atuais.
Visualize,
aqui, o vídeo do Encontro.
O encontro enquadra-se no âmbito do projeto “
Re:tinking global!”, financiado pelo
Programa Erasmus+ da Comissão Europeia, tem como promotor a
Evangelische Akademie Bad Boll – Academia Protestante Bad Boll e conta como parceiros, a
AIDGLOBAL – Acção e Integração para o Desenvolvimento Global, a
EPiZ Reutlingen – Centro de Informação sobre Educação para o Desenvolvimento, a
LAI/VHS – DIE WIENER VOLKSHOCHSCHULEN GMBH – Centros de educação de adultos de Viena e a
ÖFSE – Fundação Austríaca de Investigação para o Desenvolvimento.